terça-feira, 8 de setembro de 2009

Imune

Ao chegar, peguei o trim e cortei as unhas do pé esquerdo. Como sempre, esqueci as unhas no chão. O vento soprou as unhas para o quintal da casa do lado e por lá vi nascer uma unheira. Suas raízes pneumatóforas eram claramente dedos de pé direito (com o dedão apontando para 10NE), seus galhos pareciam pernas, suas folhas configuravam pêlos, seu tronco era um tronco e sua copa uma cabeça. Na cabeça se penduravam alguns estouvados miolos acinzentados que fundamentavam a situação. Eu nasci e fiquei me olhando, esperando que fizesse alguma coisa comigo mesmo. Mas comecei a me estrebuchar e os reumatismos se personificaram em mais reumatismos, os movimentos de ataque de xadrez foram anulados por uma defesa de xadrez muito bem treinada outrora em um campeonato mirim sem pontuação da Serra da Mantiqueira. Foi então que resolvi ouvir uma malaguenha. À espera de que um simples peido acabasse com tudo, enviei uma carta de intenções que foi prontamente devolvida, com meu primeiro nome no campo de remetente e meu sobrenome no campo de destinatário. Aí eu bati um tiro de meta e fiz um golaço no ângulo esquerdo, o qual não pude alcançar porque faltou feijão.

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