sábado, 13 de setembro de 2008

O Aralú da família Miotto

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Houve um belo sítio chamado Aralú, desfrutado por esquilos, lagartos, pássaros e descendentes dos italianos vermelhos. Resultado: muitos macarrões à bolonhesa foram degustados após o soar de um sino. Muitas mamangabas sobrevoaram o recinto, entre duas casas, e observaram todo aquele círculo de relações gerido por três famílias que tiveram seu destino cruzado pelo acaso de dois T's. Em seus últimos anos de vida, Aralú agonizou e manteve brinquedos velhos em uma caixa, na esperança de que uma próxima geração viesse. Mas não veio. As pastas de dente em cada um dos banheiros extrapolaram a validade e as amoras não tiveram sua devida colheita. As mexericas mais azedas e suculentas ficaram pros tico-ticos. Os cães raquíticos pararam de visitar as proximidades da cozinha, os anfíbios nem se arriscavam a mergulhar à noite em uma piscina verde, abandonada. Os primos deixaram de ver as camisetas sujas um do outro, a casca do pé ficou menos grossa e os bons tempos ficaram pra trás. Restaram então as lembranças, incólumes, as melhores da vida deste que vos escreve.

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cigarras: vou abrir uma banca de jornal

Chegou a época das cigarras. Estabanadas e cegas, batem nas janelas dos edifícios depois de se esbaldarem em cantos reprodutores. Não gosto das cigarras. Se eu fosse um vertebrado irracional, certamente me alimentaria de cigarras e convenceria toda minha espécie a exterminá-la. Vejam os grilos, por exemplo: são discretos. Você não vê grilos por aí batendo em janelas e capotando no chão. E toda essa história só me instiga a pensar em uma fixação: preciso abrir uma banca de jornal. Os tempos de setembro sempre trazem à tona esse meu desejo infantil e hei de realizá-lo assim que completar 60 anos, em 2045, quando as cigarras não mais existirem por conta de severos desequilíbrios ecológicos.

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