segunda-feira, 6 de março de 2006

Não deixe para amanhã

Estou precisando de dinheiro. Assim sendo, pretendo vender algumas coisas aqui da minha casa. Vendo:
  • minha alma, por R$5
  • uma moeda de 1945, com a cara do Getúlio estampada (a coroa está meio enegrecida)
  • um cavaquinho "Master-Série Estudante", feito por Marcelo Teixeira Roque, em Amparo-SP, pelo preço de R$190
  • uma raquete de tênis Wilson, de 1999, em bom estado, por R$6o
  • 257 gibis velhos da Mônica, por R$549,50
  • uma coleção de estátuas de ferro do Kinder Ovo, por R$90
  • meu Mega Drive, por cenzão
  • e por que não meu Master Sister, por cinqüentão?
  • as fitas vão de brinde
  • junto com um Bis velho que eu achei no bolso, agora
  • rapaz, não é que eu comi o Bis?

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Gona


Gonadotrófico era um homem repleto de vontade de viver. Não importava se ele não achava a carteira antes de sair de casa, ou se demorasse cerca de meia hora pra isso. Não importava também se, depois disso, ele não achasse seu celular e tivesse que ligar de sua casa pro celular, e notasse que seu celular estava desligado, fazendo com que ele deixasse pra procurar o celular depois. Afinal, o celular é uma invenção recente e antes disso a vida fluía normalmente, apesar dos torpedos de verdade, na 2ª Guerra. Gona podia sair sem o celular, pois Gona queria mesmo era viver. Viver essa vida lindona que tem aí, desse jeitão pimposo que todo mundo fala. Mas aí Gona comprou um skate e desceu uma ladeira e a ladeira não comportou tamanha sede de viver, jogando Gona contra o chão e fazendo Gona amargar um triste fardo pro resto de sua vida: uma cicatriz em forma de pinto. Na testa. Gona teria que conviver com aquilo, mas não foi um problema, pois ninguém o impediria de prosseguir sua vida com a coragem no seu bolso. Mas aí Gona escorregou em um lugar liso e morreu.

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