quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Otis

A situação do elevador é muito surreal. Quando morava em um apartamento no 1º andar, tudo era muito simples: entrava, dizia oi pra pessoa, suspirava e saía. Agora, morando uns bons andares pra cima do 1º, tenho que enfrentar aquele silêncio percussionado com barulho de respiração alheia. Fica fácil perceber neste pequeno ambiente se um desconhecido tem desvio de septo.

Essa reflexão resgata lembranças da infância, quando eu combinava com um amigo de entrar no elevador pra dar risada da cara da pessoa que subia ou descia junto. Eu lembro que várias vezes interrompi o futebol só pra fazer isso. Não importa se era idoso, grávida, surdo, todos eram alvos. A maioria ficava indiferente, mas alguns ficavam incomodados. Um velho ranzinza uma vez ficou nervoso e começou a vociferar sua rouquidão contra nossos 1,40 de altura. Fato que só estimulou a aplicação dessa nobre atividade por muito tempo, até eu me mudar do prédio e entrar no mundo silencioso dos elevadores Atlas Schindler.

|