quinta-feira, 2 de junho de 2005

Quando o precipício chama, mas arde a chama


Daslumílson era um garoto que adorava comer iogurte de maçã. Certo dia, embaixo de uma macieira, uma maçã caiu em seu nariz, agravando seu desvio de septo. Daquele dia em diante, Daslumílson nunca mais tomou iogurte de maçã, pois sempre que chegava perto de um, seu nariz doía e ele parecia caminhar torto, na direção do desvio nasal: a direita.
Certo dia, Daslumílson caminhava na beira de um precipício. Era um dia bonito, tinha acabado de chover, a grama molhada, as libélulas acasalando, a lua ambígua reinando no horizonte, os pássaros em uníssono ditavam o tom da harmonia daquele dia perfeito. Mas Daslumílson tinha um nariz, e aquele nariz tinha um passado. À direita de Daslu, como era chamado por seus amigos, estava o precipício. Sentado na beira do precipício estava um ancião, tomando iogurte de maçã. Daslu pensou: "Oh senhor, é o fim." Devido ao nariz, seu corpo estava desenfreadamente caminhando para aquele abismo escuro, repleto de galhos saindo da fenda terrestre. Mas foi então que uma moçoila de vestido de bolinhas apareceu ao seu lado esquerdo, fazendo com que o corpo de Daslu não pudesse ignorar tanta exuberância, tanta coxância. A força destra do seu nariz então foi compensada com uma força para o lado esquerdo, produzindo um equilíbrio. Daslu parecia o centro de cabo-de-guerra. Quem seria mais forte nessa hora? O nariz de Daslu ou o resto do seu corpo, que apontava todo em direção à rapariga do vestido de bolinhas?

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