segunda-feira, 20 de junho de 2005

O trópico


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Enquanto outro bicho nasce com duas cabeças em algum laboratório de experimentações genéticas, eu vou tomando aqui meu danone de morango, após estudar os pormenores da América Anglo Saxônica. E enquanto cai uma garoa fina aqui sobre as ex-terras de cafeicultores paulistas, olho para o sudeste da tela e noto que agora são 17:01. Mas POR ENQUANTO, pois logo serão 17:02. E logo todos estarão terminando de pensar o que estavam pensando, suprimindo com uma pá, socando-a com força contra as mãos da criatividade que querem soerguer-se por entre a terra da cova da preguiça.
Afinal, por que continuar um pensamento se provavelmente ele já foi criado, tendo seu dono sofrido ultrajes de todas as cores, obrigando-o a aceitar galhofas com cara de tricícolo, críticas transformadas em velas no pobre velório da invenção? Dá muito trabalho dar seqüência àquele idéia de criar dispositivos, bonsais, histórias em quadrinhos, bebês, casos, nomes. Sinto que não há mais nada a ser feito, a não ser observar. A não ser pegar um papel, e desenhar várias vezes uma estrela, até ela deixar marca na página seguinte. Depois contorno a marca, pra ficar igual à estrela da página anterior. Comparo as duas folhas pra ver se ficou igual mesmo, mas nunca fica.
Então minha sinapse vai de moto até uma lembrança do passado: a lembrança de quando eu tinha uns 8 anos. E nessa idade, sempre que voltava de um sítio em Santa Isabel, passava pelo Trópico de Capricórnio. A placa na beira da estrada dizia: "Aqui passa o Trópico de Capricórnio." Aí eu olhava pra cima e não via nenhuma linha vermelha, nenhum laser, nada. E isso fazia com que eu sentisse raiva daquela placa azul com letras brancas. Ouvia então palavras como: "Rodrigo, é uma linha imaginária, não dá pra ver." Mas aí eu sentia mais raiva, pois sabia que placas não mentiam.

Se eu soubesse o que era "imaginária", tudo seria diferente. Meu danone acabou, assim como o cd do Elliott Smith. Vou estudar os cordados.

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