sexta-feira, 4 de março de 2005

"Pára de roubar, meu!"


Anteontem minha querida mãe foi seqüestrada. Saindo da manicure, na rua da minha casa, dois rapazes abordaram suas unhas recém feitas adentrando o carro. Mas minha mãe, do jeito que é, do jeito que sempre foi e do jeito que sempre será, em vez de ficar caladinha e fazer tudo o que os rapazes queriam, não parou de falar durante os 20 minutos de seqüestro. Tudo isso com direito à mentiras como: "Você vai me levar no caixa eletrônico? Primeiro que eu não lembro a senha. Segundo que eu não tenho nem R$200 (na verdade são 250) na conta! Você vai só perder tempo comigo!". Soma-se a isso uma certa dose de sessão psiquiátrica nesses tensos minutos. Disse ela ao assaltante que dirigia: "Meu, qual a sua idade? Dezenove? Poxa, tenho um filho na sua idade. É duro te ver fazendo isso. Pára de roubar, meu! Um dia vão te pegar, vão te matar, e aí? É perigoso fazer isso."
O mais interessante é que, segundo ela, o assaltante que dirigia respondia tudo, dialogava. Se o rapaz tivesse com a unha encravada, ou se a Ponte Preta (Curíntia daqui de Campinas) tivesse perdido no dia anterior, mamãe poderia estar no céu neste momento. Aliás, ela também arriscou a vida ao pedir para que o rapaz não acendesse o cigarro, 0u ao repreendê-lo quando o carro estava na contra-mão, ou ao pedir que deixasse a bolsa, o celular, a agenda, a carteira. Concluí então que o seqüestro durou 20 minutos devido à mesma razão pela qual eu às vezes bato a porta do meu quarto: saco cheio dela. Eles bateram a porta do carro na cidade de Hortolândia, e a deixaram lá. O carro ainda não foi encontrado. Fim.

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