segunda-feira, 6 de dezembro de 2004

Tristeza é cafona


Eu não sei o que é depressão, espero nunca saber. Aliás, quem fica triste, hoje em dia, tem que ficar alegre logo, eu sei. Acho que o sorriso automático e a necessidade de se mostrar inteiro perenemente vem junto com tudo que tem de imediato e efêmero nessa pós-modernidade. Quem fica triste, perde tempo, perde o bonde, o rebolado. A escassez de dentes à mostra nunca é bem vinda, ninguém gosta de queixas. Tem-se como exemplo o fato de a grande maioria das fotinhos do nosso saudoso Catálogo de Gente, o Orkut, serem recheadas de sorrisos, olhos brilhosos. Mas sempre admirei pessoas que reclamam muito, que são ranzinzas e impertinentes, nunca considerei isso uma fraqueza, falta de humildade, falta de fibra e de peito pra enfrentar a vida. Não me refiro à reclamação "oh céus, oh vida, oh etc", mas sim àquela que consiste no reconhecimento de que as coisas vão mal, e de que um forró não vai resolver tudo isso. "Auto-lealdade", já dizia não sei quem.

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